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Bons tempos...

sábado, 5 de abril de 2014

As Bandeiras tremulando, estádio lotado de torcedores cantando a plenos pulmões o seu amor incondicional.  



O árbitro com seu costumeiro traje preto, como se fosse o mestre de cerimônias do espetáculo que viria a seguir, joga a moeda.

Dois camisas 10 frente a frente se observam, braçadeiras de capitão apertadas e as chuteiras pretas parecem esconder a magia do gol.

As camisas com cores fortes e símbolos tradicionais impõe o respeito ao adversário.

Os zagueiros parecem gigantes observando a batalha que lhes espera, nos olhos do goleiro a seriedade e a responsabilidade de defender a meta e estragar a festa de todo um estádio.

As vozes ecoam no campo, o arrepio percorre a espinha do jovem atacante, mas não parece afetar o cerebral camisa 10 que com o pé em cima da bola no centro do campo espera pelo apito junto ao centroavante, a mística camisa 9 parece ter um efeito sobrenatural sobre ele.

Até que o estridente apito soa, a bola percorre as poças com dificuldade recuando até o volante, o responsável pela distribuição do jogo.

Os meias adversários avançam buscando desarmá-lo sem sucesso, o camisa 8 já havia virado a bola para o lateral esquerdo que a matou no peito causando uma explosão de água no impacto.



A camisa 6 parece voar em meio aos carrinhos pela beirada do campo, o lateral vê a linha de fundo se aproximar e junto com ela o zagueiro.

O gigante carrega a camisa 4, passa como um trator e sai com a bola.

O agudo som do apito rasga o ar, acusa a primeira falta da partida.

Todo o estádio se levanta, parte esperançoso e parte preocupado, é a hora do camisa 10 brilhar, ajeita a bola com calma, pisa ao lado da bola duas vezes com o pé esquerdo.

Dá dois passos para trás e ergue a cabeça, os olhos parecem buscar incessantemente por um alvo.

A barreira formada por 4 homens atrapalha a visão do frio batedor, a chuva e a bola molhada faz o goleiro agachado na trave gesticular freneticamente arrumando sua muralha humana.

O jovem atacante levando o numero 7 as costas parado na segunda trave, quando observado pelos enormes zagueiros parece como uma criança indefesa.

Porém, a verdadeira preocupação está em pé na marca do Pênalti, parado e em silêncio, o centroavante enxuga o rosto com a camisa.

O árbitro após conversar energicamente com a barreira, apita autorizando a cobrança.  O batedor dá o primeiro passo lentamente, e projetando o corpo para trás encaixa o pé esquerdo exatamente ao lado da bola a cruzando na área com o lado interno do pé direito.

O silêncio se faz em todo estádio, somente os narradores nos rádios de pilha ousavam quebrar o silêncio.

A bola viaja no alto, girando calmamente fazendo uma curva para a esquerda como se soubesse a quem buscar.

No aglomerado de jogadores que sobem de encontro a ela, um se destaca, pernas dobradas voando alto, pairando no ar como um helicóptero, um beija-flor.

O centroavante vence os zagueiros e cabeceia violentamente a bola, que vai certeira como uma flecha em direção ao gol.

Todos os torcedores em pé com suas figas, galhos de arruda, trevos e pés de coelho parecem cabecear junto com o camisa 9.

O Goleiro voa, braços esticados e olhos imóveis, com a ponta dos dedos desvia a bola que explode na trave e volta para o fundo da área.

O arqueiro salvador pousa na poça de lama, sem tempo para comemorar se levanta buscando pela bola.  Bola que por ironia do destino foi parar nos pés do jovem atacante, todos os zagueiros com os olhos arregalados correm em direção a ele, o lateral tenta interceptar a bola com um carrinho que passa como um raio levantando água e grama.

O camisa 7 com um simples toque empurra a bola para dentro. É o fim do silêncio, a bola estufa a rede e morre no fundo gol.

Por alguns segundos toda a alegria do mundo parece residir naquele santuário do esporte, torcedores completamente desconhecidos se abraçam e festejam, a criança chora com um sorriso no rosto enquanto o jovem autor do gol corre e se atira de peito na lama na lateral de frente para a sua torcida.

Não há mais o que fazer, o goleiro sujo de lama esbraveja contra seus companheiros enquanto o capitão camisa 10 atravessa o campo e abraça o responsável por aquele feito que costumamos chamar de "Gol".

Naquele momento é difícil saber até onde é felicidade e onde é amor, talvez seja por isso que o futebol é tão impressionante.

Ele mistura tão bem a felicidade e o amor que não dá para distinguir mais qual é qual.

Por Juninho Bosco

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